“Você vai ser pai!” – poucas frases carregam tanto poder de transformação. Abraçar essa experiência significa caminhar com um novo olhar, sentar ao lado do berço, contar histórias, ouvir gargalhadas e silêncios atentos. A figura paterna, ressignificada e cada vez mais ativa, exerce um papel profundo, e às vezes surpreendente, no crescimento e no florescimento emocional das crianças da sociedade contemporânea.
O novo olhar sobre a função paterna
Por muito tempo, a imagem do pai esteve restrita ao provedor: distante, rígido, ligado mais à autoridade do que ao afeto. Nos últimos anos, no entanto, diferentes pesquisas e movimentos sociais vêm redesenhando esse papel. Se antes bastava “estar presente”, hoje é esperado que o pai faça parte do cotidiano afetivo, ocupe espaço legítimo na construção dos vínculos e seja referência de diálogo, escuta e cuidado.
Pai ativo: presença que transforma histórias.
Os estudos do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reforçam essa percepção: a família, em especial o convívio com figuras paternas engajadas, representa o primeiro terreno fértil para a formação de valores, hábitos e atitudes.
Dados mais recentes do IBGE (2019) revelam que 64,6% dos homens brasileiros acima de 15 anos já eram pais, e a maior parte participou do pré-natal. No entanto, a participação diária, emocionalmente engajada, ainda é um desafio para diferentes realidades regionais e contextos socioeconômicos (veja detalhes do IBGE). Mas por que essa mudança nos olhos do mundo em relação ao papel dos homens na família?
Porque o envolvimento dos pais faz diferença, e a ciência comprova.
O impacto emocional e social do cuidado paterno
Crianças que convivem com pais presentes sentem-se mais seguras, valorizadas e compreendidas. Não se trata apenas do afeto expressado, mas do reflexo desse contato na autoestima, na autoconfiança e no modelo de interação com outros.
- Maior capacidade de lidar com frustrações do dia a dia;
- Facilidade para construir relações saudáveis com colegas e adultos;
- Tendência a desenvolver maior autonomia e responsabilidade.
Segundo a revisão bibliográfica da Universidade La Salle, o envolvimento paterno contribui para que as crianças experimentem diferentes estilos de resolução de problemas, aprendam a regular emoções e incorporem valores como respeito, empatia e gratidão.
O exemplo paterno é interpretado como um roteiro emocional e comportamental. O modo como o pai lida com os desafios, expressa sentimentos, se posiciona frente a conflitos e celebra conquistas ensina mais do que discursos prontos.

Mais que biologia: o conceito de paternidade ativa
Assumir a função de pai vai além do DNA ou da certidão de nascimento. A chamada paternidade ativa envolve um compromisso cotidiano com cuidado, respeito, escuta e presença. É participar ativamente da formação, dos acertos e erros, das inseguranças e pequenos triunfos de uma criança.
Ser pai não é assistir de longe; é dividir sonhos e temores, lado a lado.
A literatura científica, como mostra a análise da Gavagai, observa o crescimento dos novos papéis ocupados pelos pais e seu impacto em dimensões cognitivas, emocionais e sociais. A diferença central entre o pai afetivamente envolvido e aquele que apenas “existe” no cotidiano pode ser percebida desde a primeira infância: crianças amparadas por pais atenciosos tendem a criar laços de confiança mais firmes, exibem menor ansiedade social e possuem mais capacidade de dialogar sobre dificuldades.
Autonomia, autoestima e o reflexo do carinho paterno
Como o pai pode ajudar o filho a se sentir mais autoconfiante e disposto a enfrentar o mundo? Parte da resposta está na rotina com afeto, escuta e respeito. Por meio de pequenos gestos – brincar junto, ouvir com interesse, celebrar conquistas –, a figura paternal mostra que a criança é importante, capaz e digna de amor.
- Reconhecer conquistas, mesmo as pequenas;
- Permitir pequenas escolhas, adaptadas à idade (qual pijama usar, qual história ouvir);
- Estimular desafios proporcionais (montar um quebra-cabeças juntos, por exemplo);
- Validar emoções negativas sem julgamento (“Eu entendo que você ficou triste”).
A autoestima começa a ser construída nos primeiros anos e se fortalece pela imagem que o pai reflete de volta ao filho: “você merece ser ouvido, você pode tentar de novo, você é amado independentemente do erro”.
Diferentes estudos, como a pesquisa do IPEDF, reforçam a importância desses momentos cotidianos e apontam que, quanto mais um pai se faz presente, maior o desenvolvimento global infantil – habilidades sociais, cognitivas e motricidade.
O poder da rotina noturna: histórias e conexão emocional
No final do dia, grande parte das relações familiares são testadas: o cansaço, as tarefas, o relógio acelerado. Mas é nesse momento que pequenos rituais de afeto podem criar laços profundos. Contar histórias antes de dormir se destaca como ferramenta pedagógica e emocional poderosa.
O projeto Dormir com Historinhas surge como aliado dos pais e cuidadores justamente nesse contexto. Com acervo desenvolvido para apoiar o desenvolvimento emocional e moral, e adaptado para cada faixa etária, propõe um momento de troca, criatividade e acolhimento que ultrapassa o entretenimento superficial. As histórias selecionadas incentivam a conversa sobre sentimentos, incentivam o respeito, a amizade, a autonomia e o enfrentamento dos medos, funcionando como uma ponte afetiva eficaz.
Ao criar uma rotina especial com a criança, o pai:
- Oferece exemplo de dedicação e amor;
- Cria oportunidade de escuta ativa ("O que você sente sobre esse personagem?");
- Estimula a imaginação e a empatia;
- Ajuda a tratar de medos recorrentes, normalizando sentimentos (“na história também tinha um monstro debaixo da cama, vamos falar sobre isso?”).
Pais que contam historinhas junto aos filhos desenvolvem inteligência emocional, habilidades sociais e fortalecem vínculos seguros.

Como superar medos e ansiedades: a referência do pai
A infância está repleta de inseguranças: escuro, tempestades, barulhos, o desconhecido. Nestes momentos, o pai pode se tornar referência de proteção e coragem. Quando o pai escuta, acolhe e valida o medo do filho, ajuda a nomear o sentimento, e juntos buscam estratégias para lidar, o território emocional da criança se amplia.
Dormir com Historinhas propõe caminhos para abordar temas como ansiedade infantil, medos e inseguranças, usando histórias dirigidas que ensinam, de modo leve, diferentes formas de enfrentar emoções difíceis. Um texto sobre ansiedade infantil explica algumas dinâmicas comuns desse processo.
Pai é o porto seguro quando os pensamentos parecem tempestade.
Quando percebe o filho apreensivo, o pai pode:
- Perguntar o que está sentindo, sem julgamentos;
- Propor respirar juntos, relaxar antes de dormir;
- Lembrar histórias já superadas, exemplos de coragem;
- Oferecer companhia até que o medo diminua, respeitando os limites da criança.
Valores e habilidades sociais no cotidiano familiar
Os valores que guiarão a criança – respeito, solidariedade, empatia – não se transmitem por palavras isoladas, mas por exemplos vividos no cotidiano. O pai, neste contexto, influencia de modo marcante, seja ao compartilhar tarefas da casa, demonstrar gratidão, desculpar-se ou escutar ativamente, seja ao mostrar maneiras de lidar com conflitos e diferenças.
Habilidades sociais são aprendidas na prática, dia após dia, com gestos simples:
- Ajudar um amigo em dificuldade
- Respeitar diferenças na escola
- Tratar todos com justiça e gentileza
É nesse universo que o projeto Dormir com Historinhas também propõe temas como amizade e inclusão, sugerindo diálogos sensíveis entre pai e filho após a história, estimulando reflexão e empatia.

Estratégias para criar vínculos positivos na rotina noturna
A hora de dormir pode se transformar de uma corrida para “apagar as luzes” em um ritual de carinho, aprendizado e escuta. Algumas sugestões para fortalecer o vínculo entre pai e filho neste momento:
- Reserve ao menos 15 minutos só para o pequeno, sem distrações ou eletrônicos;
- Permita que seu filho escolha a história da noite; isso traz senso de controle positivo;
- Leiam juntos, mudando as vozes dos personagens ou criando finais diferentes;
- Após a história, pergunte o que mais gostou, o que o deixou triste, feliz ou curioso;
- Inclua um breve relaxamento: respiração profunda ou música tranquila;
- Mantenha o ritual, assegurando previsibilidade e segurança.
A consistência desses rituais, inclusive, favorece uma rotina de sono infantil mais saudável, facilitando o adormecer e a qualidade do sono.
Superando mitos e desafios
É comum ouvir que pais não sabem lidar tão bem com emoções quanto as mães, ou que sua participação seria “menos importante” no desenvolvimento dos filhos. Pesquisas atuais derrubam esse mito ao mostrarem que a participação afetiva do pai é insubstituível e transforma a infância.
Claro, obstáculos existem: jornada dupla, trabalho fora em horários difíceis, poucas referências anteriores, culpas e inseguranças. Mas cada novo passo em direção ao cuidado, cada história contada antes de dormir, cada conversa honesta e carinhosa soma pontos no saldo emocional do filho – e, honestamente, também do pai.
O texto sobre parentalidade positiva evidencia como afeto e limites caminham juntos, trazendo benefícios para toda a família.
Ser pai é, todos os dias, inventar uma forma nova de amar.
Conclusão: O presente e o futuro criados a cada história compartilhada
O desenvolvimento saudável, emocional e social das crianças depende diretamente das conexões e experiências vividas desde os primeiros anos de vida. O papel do pai – no presente, ativo, dedicado, afetuoso e curioso sobre o mundo do filho – reverbera nas atitudes, nos valores, na saúde mental e até na própria identidade da criança.
O caminho para uma paternidade mais engajada começa em momentos simples e transforma, aos poucos, a relação entre pai e filho em um laço sólido, seguro e cheio de possibilidades. No projeto Dormir com Historinhas, pais encontram ferramentas práticas e criativas para fortalecer esse vínculo, usando o poder da narrativa como trampolim para conversas profundas, aprendizados e sonhos.
Quem deseja ampliar sua presença e apoiar o desenvolvimento de filhos mais confiantes, éticos, sensíveis e felizes pode encontrar inspiração em pequenas mudanças diárias de rotina. Abrace essa missão, experimente as histórias, descubra o universo Dormir com Historinhas e transforme a hora de dormir em um convite a mais para o afeto, a escuta e o crescimento mútuo.
Perguntas frequentes sobre paternidade ativa e o desenvolvimento infantil
O que é paternidade ativa?
Paternidade ativa é o envolvimento diário, afetivo e responsável do pai em todos os aspectos da vida do filho – emocional, educativo, de cuidado e lazer. Não se limita à presença física, mas inclui disponibilidade emocional, escuta, empatia e troca de experiências. Esse conceito valoriza a participação do homem no desenvolvimento pleno da criança, em parceria com a família e respeitando as necessidades individuais.
Como o pai influencia o desenvolvimento infantil?
A influência do pai se manifesta no modo como a criança se percebe, se relaciona e enfrenta desafios. Pais engajados ajudam os filhos a desenvolver autoestima, habilidades sociais, autonomia e capacidade para lidar com emoções difíceis. Exemplo, diálogo e presença afetuosa são ferramentas que ajudam a formar atitudes éticas, flexíveis e resilientes.
Quais desafios os pais enfrentam hoje?
Entre os principais desafios estão a conciliação entre trabalho e vida familiar, falta de referências de paternidade participativa, pressões sociais, barreiras culturais e, por vezes, ausência de tempo ou culpa associada à jornada dupla. Muitos pais também buscam orientação sobre como lidar melhor com emoções, estabelecer limites e promover uma comunicação aberta com os filhos.
Como fortalecer a relação entre pai e filho?
Compartilhar momentos, ouvir com atenção, propor brincadeiras, contar histórias, participar das rotinas, acolher sentimentos e incentivar descobertas são formas eficazes de aproximar pai e filho. Escolher rituais especiais, como o momento da historinha antes de dormir, ajuda a criar memórias afetivas e um espaço seguro para diálogo.
Por que a presença do pai é importante?
A presença efetiva do pai fortalece a saúde emocional, cria modelos positivos de comportamento e estimula a formação de valores essenciais para a convivência social. Presença vai além do estar por perto: é participar, amparar, ouvir, brincar e educar, deixando marcas de carinho, confiança e pertencimento na infância e para o futuro.
