Criança sentada em sofá com expressão preocupada, mãe falando com ela e aconchegando com carinho

Em muitos momentos, já parei para observar como as crianças ao meu redor lidam com o novo, com frustrações, com expectativas. Muitas vezes, as reações que parecem “birra” ou “timidez” escondem emoções mais profundas, como preocupação, medo e até angústia. Nos últimos anos, falar sobre ansiedade nas crianças deixou de ser raro. E, acredite, hoje é mais comum do que muita gente imagina.

O que é ansiedade infantil?

Em minhas leituras e experiências acompanhando famílias, compreendi que a preocupação intensa ou o medo desproporcional podem aparecer desde bem cedo. Esses sentimentos fazem parte do desenvolvimento infantil, mas, quando ultrapassam certos limites, o quadro exige mais atenção e carinho.

De modo geral, a ansiedade manifesta-se por meio de preocupações antecipadas, angústia em situações novas e necessidade de confirmação constante. Em bebês, percebe-se pelo choro frequente diante de separações rápidas (como ao deixar a criança com outra pessoa). Já entre 2 e 4 anos, o medo do escuro, de barulhos ou de personagens imaginários é comum, mas pode, às vezes, evoluir para comportamentos de evitação ou extrema dependência. Em crianças maiores, entre 6 e 8 anos, a ansiedade pode aparecer como perfeccionismo, medo de errar ou de ser avaliada.

Criança sentada em um quarto pouco iluminado, abraçando os joelhos ao peito. Principais sinais e sintomas: quando se preocupar?

Na prática, distinguir o medo natural de uma inquietação excessiva é um desafio. Se você, como eu, já se perguntou se o choro ou o apego de uma criança são normais, vale observar alguns sinais:

  • Irritabilidade frequente e sem motivo aparente
  • Insônia, pesadelos recorrentes ou dificuldade em adormecer
  • Mudanças no apetite
  • Queixas físicas (dores de barriga, cabeça, enjoos)
  • Dificuldade de separar-se de cuidadores, mesmo em curtos períodos
  • Recusa escolar ou medo intenso de situações novas
  • Autocrítica exagerada ou medo de avaliação negativa

Claro que essas manifestações, isoladamente, podem fazer parte do desenvolvimento. O que merece atenção é a frequência, intensidade e duração.

Nem todo medo é sinal de problema, mas merece escuta atenta.

O mundo mudou: tecnologia, pandemia e saúde emocional

Sempre acreditei que o ambiente à nossa volta influencia muito as crianças. Percebi que, especialmente após a pandemia, a preocupação ganhou novos contornos. Levantamentos do Instituto de Psiquiatria da USP mostraram que 36% dos jovens desenvolveram ansiedade ou depressão na fase aguda da Covid-19. É um número alto, e faz pensar.

Outro fator que me chama atenção é o tempo de tela. Segundo uma pesquisa, jovens que passam mais de 9 horas online têm risco 2,4 vezes maior de desenvolver sintomas ansiosos. Além disso, uma a cada três crianças tem perfil aberto em redes sociais, o que amplia riscos e pressões.

Não bastasse isso, outra pesquisa global alerta para a extensão do abuso online infantil: um cenário que exige mais presença dos adultos, mais conversa e acolhimento.

Família, escola e o papel do ambiente

Durante meus atendimentos e conversas, percebi que a relação familiar segura atua como um escudo. Quando a criança sente que seus sentimentos são compreendidos e acolhidos no dia a dia, ganha recursos para lidar com os próprios desafios. O ambiente escolar também pode ser apoio ou fonte de pressão. Segundo estudo recente, sete de cada dez alunos relataram sintomas de ansiedade ou depressão, o que reforça a necessidade de ações preventivas nas escolas.

Nesse processo de apoio, a criação de uma rotina previsível faz diferença. Crianças sentem-se mais seguras quando sabem o que esperar, e pequenas variações podem desestabilizá-las. A valorização dos sentimentos transmite a mensagem: “você pode falar sobre o que sente; eu vou escutar.”

Estratégias simples para apoiar o desenvolvimento emocional

Gosto sempre de lembrar que não existe fórmula mágica, mas, na prática, algumas atitudes diárias têm muito efeito:

  • Manter uma rotina clara (horários para sono, alimentação, lazer e estudos)
  • Validar os sentimentos (“Vejo que você está preocupado”, “Entendo que ficou com medo”)
  • Incentivar o diálogo aberto e sem julgamentos
  • Oferecer escolhas simples para estimular a autonomia (como escolher a roupa ou o lanche)
  • Estar presente, ainda que por pouco tempo, com atenção genuína

Eu sempre sugiro, inclusive, o uso de histórias para abordar emoções delicadas. Plataformas como o Dormir com Historinhas oferecem narrativas pensadas para apoiar a inteligência emocional infantil e ajudar a criança a reconhecer e nomear sentimentos. Aproveite recursos como essa seleção especial sobre emoções.

Outra dica valiosa é explorar temas do cotidiano ou estimular a autonomia mediante brincadeiras e conversas direcionadas. Não subestime o poder do olhar atento. Às vezes a solução pede apenas uma pausa e um abraço.

Quando é hora de buscar ajuda psicológica?

Se percebe que as dificuldades estão persistentes, afetando o desempenho escolar, as relações sociais ou a qualidade de vida da criança, pode ser a hora de considerar apoio psicológico especializado. Quanto mais cedo a intervenção, melhores as chances de prevenir problemas futuros. Não é sinal de fracasso buscar um profissional, pelo contrário, é demonstração de cuidado.

No meu artigo sobre sinais no cotidiano e também em outra reflexão sobre autoestima infantil, aprofundei mais exemplos de atitudes que podem ajudar no dia a dia.

Acolher é sempre o caminho mais seguro.

Conclusão: cuidar hoje é preparar para o amanhã

Eu entendo que a correria e as pressões externas dificultam a presença constante, mas o simples gesto de escutar já faz diferença. Cuidar do desenvolvimento emocional não previne só um sofrimento agora, mas constrói uma base sólida para o futuro da criança.

Se quiser conhecer formas lúdicas, baseadas em narrativas originais e seguras para apoiar a saúde mental dos pequenos, explore as propostas do Dormir com Historinhas. Experimente criar esse momento de aconchego antes de dormir e veja como pequenas histórias podem ajudar a transformar o cotidiano.

Perguntas frequentes sobre ansiedade infantil

O que é ansiedade em crianças?

Ansiedade em crianças refere-se a sentimentos de preocupação, medo ou apreensão desproporcionais em relação a situações do dia a dia. Embora alguns medos sejam naturais no crescimento, a ansiedade torna-se um desafio quando começa a prejudicar o sono, a interação social e a rotina escolar da criança.

Como identificar ansiedade infantil?

Costumo observar mudanças abruptas de comportamento, como choros frequentes, reclamações de dores, irritabilidade e resistência a mudanças. Esses sinais, especialmente quando persistem, sugerem que a criança está enfrentando mais do que simples medos passageiros.

Quais sintomas comuns de ansiedade infantil?

Os sintomas mais comuns incluem insônia, pesadelos, recusa escolar, isolamento social, apego excessivo e queixas físicas como dor de barriga ou cabeça. É necessário observar se isso interfere negativamente na rotina e no desenvolvimento da criança.

Como ajudar meu filho com ansiedade?

Procure manter uma rotina previsível, validar os sentimentos da criança e conversar abertamente. Narrações terapêuticas, como as do Dormir com Historinhas, são uma excelente opção para trabalhar temas delicados de forma leve. Busque apoio de profissionais se sentir necessidade, mas seu acolhimento já é um ótimo começo.

Quando buscar ajuda profissional para ansiedade?

Quando perceber que a ansiedade persiste por semanas, compromete o desempenho escolar, os vínculos sociais ou provoca sofrimento intenso, é hora de buscar auxílio especializado. Psicólogos infantis têm técnicas específicas para ajudar nesse processo e fortalecer o desenvolvimento emocional.

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Sobre o Autor

Dormir com Historinhas

O Dormir com Historinhas é uma plataforma digital de histórias infantis para promover educação, conexão familiar e desenvolvimento emocional através da narrativa lida.

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