No meu convívio diário com pais e educadores, há uma dúvida que, vez ou outra, retorna: como garantir que nossos filhos cresçam confiantes, empáticos e preparados para enfrentar as descobertas e adversidades da vida? O primeiro passo, talvez o mais silencioso e poderoso, está no tipo de vínculo que cultivamos durante os primeiros anos: o chamado apego seguro.
O que é apego seguro e por que ele é tão valioso?
A expressão costuma aparecer em conversas sobre parentalidade, mas sempre vale detalhar. Em resumo, o apego seguro é uma ligação emocional saudável, de confiança, que se desenvolve entre a criança e quem cuida dela. Quando esse vínculo é sólido, a criança sente que pode confiar no adulto para acolhê-la, protegê-la e guiá-la.
Essa confiança não se cria do nada: ela é fruto de respostas sensíveis, calorosas e consistentes às necessidades físicas e emocionais do bebê ou da criança. Minha experiência pessoal, aliada a leituras e estudos, mostra que uma criança que é amparada quando chora, confortada quando se assusta e incentivada a explorar com segurança se torna mais disposta a se aventurar, criar e aprender.
Segundo página do governo federal, a primeira infância (nascimento aos seis anos) é a janela mais sensível para a formação do cérebro e das competências socioemocionais. É nesse período que o tipo de apego mais facilmente se estabelece.
Os pilares da teoria do apego
Eu costumo recomendar a leitura sobre a teoria do apego, criada por John Bowlby e ampliada por Mary Ainsworth. Em linhas gerais, esse estudo mostra que a qualidade da ligação entre cuidador e criança interfere diretamente no desenvolvimento emocional, social e até na qualidade das relações futuras.
O modo como acolhemos um choro hoje pode definir como nosso filho buscará ajuda amanhã.
A teoria do apego descreve quatro tipos básicos de vínculo:
- Seguro
- Inseguro evitativo
- Inseguro ambivalente
- Desorganizado
Meu foco aqui é no seguro, pois ele serve de base para uma infância saudável e relações balanceadas na vida adulta.
Benefícios do apego seguro para autoestima, autonomia e saúde mental
Vários estudos e minha própria percepção apontam que crianças com vínculos de confiança tendem a ter mais autoestima, autonomia e saúde psicológica. Uma pesquisa publicada no Boletim do Instituto de Saúde de São Paulo aponta que cuidados familiares, feitos de forma atenta e respeitosa, favorecem a saúde e a resiliência emocional.
Vamos observar alguns benefícios diretos:
- Maior facilidade de expressar emoções
- Capacidade de pedir ajuda quando necessário
- Confiança para explorar e aprender de forma independente
- Capacidade de formar amizades verdadeiras e saudáveis
- Tendência a regular melhor suas emoções
Estudo publicado na revista científica e-Locução correlaciona a qualidade do apego com a habilidade da criança de compreender e manejar emoções na pré-escola, impactando diretamente seu desempenho escolar.
Como o cuidador pode ser base segura?
De tudo o que li e observei, reparei que o segredo está menos em técnicas mirabolantes e mais em presença verdadeira, atitude empática e respeito ao tempo da criança. Não é preciso perfeição. Basta, na maior parte do tempo, ser o refúgio seguro, o colo disponível, o olhar atento e gentil nos pequenos grandes desafios do dia a dia.
Material do Ministério da Saúde cita que a atenção às necessidades emocionais desde o nascimento faz do cuidador a base segura que permite à criança explorar o mundo ao seu redor.

Exemplos práticos do dia a dia para fortalecer o vínculo
Eu mesma já testei várias estratégias e acompanhei famílias que transformaram sua rotina com pequenos ajustes. Veja algumas ações simples:
- Atender ao choro do bebê prontamente, oferecendo conforto antes de tentar distrair
- Olhar nos olhos ao conversar com a criança
- Respeitar o ritmo do desenvolvimento, sem comparações com outros
- Brincar junto, entrando no universo lúdico infantil
- Nomear emoções (“entendo que você ficou bravo porque queria mais tempo no parquinho”)
- Contar histórias antes de dormir, criando rituais afetivos envolventes
- Praticar contato físico positivo: abraço, cafuné, colo
No Dormir com Historinhas, por exemplo, um dos nossos objetivos ao oferecer histórias planejadas para diferentes idades é justamente fortalecer esses rituais. Histórias podem ser pontes para conversas, potenciais momentos de escuta ativa e partilha de emoções. A categoria inteligência emocional abrange exemplos de personagens vivenciando e superando sentimentos, o que pode facilitar o diálogo entre pais e filhos.
Presença é o maior presente.
Como identificar sinais de apego inseguro?
Nem sempre é fácil enxergar quando algo não vai bem. Fico alerta quando percebo, por exemplo, crianças que evitam buscar consolo nos pais, ou apresentam medo excessivo de separação, ciúmes exagerado, ou dificuldade em confiar nos adultos ao redor.
Outros sinais podem incluir:
- Mudanças bruscas de humor sem motivo aparente
- Isolamento em situações sociais
- Comportamentos demasiadamente desafiadores ou passivos
Nesses casos, adultos podem refletir sobre os próprios comportamentos: será que respondem às necessidades da criança com consistência? Há espaço para escuta verdadeira dos sentimentos infantis?

Como transformar vínculos frágeis em seguros?
O processo nem sempre é imediato, mas é possível. Minha sugestão principal: comece enxergando a criança como alguém legítimo nos próprios sentimentos, mesmo que certos comportamentos soem intensos ou desafiadores.
- Pratique a escuta ativa: tente ouvir sem interromper, acolhendo a emoção antes de buscar resoluções.
- Repare nas próprias reações: se perder a paciência, tente reconhecer e se desculpar. Transmitir humanidade aproxima.
- Estabeleça rotinas previsíveis: previsibilidade passa segurança, principalmente para os pequenos.
- Busque criar tempo de qualidade, mesmo que seja apenas alguns minutos de brincadeira ou leitura juntos todos os dias.
- Se necessário, peça apoio: conversar com outros pais, educadores ou profissionais pode trazer outras perspectivas.
Eu gosto de lembrar o método canguru, citado em notícia do Hospital das Clínicas da UFG, onde o contato pele a pele entre pais e bebês promove calma e conexão, mesmo em situações difíceis. Em casa, abraços demorados, sentar juntos para um lanchinho ou conversar sobre o dia também são formas de retomar a proximidade.
Apego seguro, regulação emocional e disciplina positiva: como se conectam?
Tenho observado que, quando a criança confia no cuidador, ela se sente mais encorajada a pedir ajuda, expressar frustrações e, gradativamente, aprender a lidar com sentimentos difíceis sem recorrer a birras explosivas ou ao silêncio.
Esse processo anda de mãos dadas com a chamada disciplina positiva, que foca menos em punições e mais em ensinar habilidades de autorregulação. Em outras palavras: quando um vínculo acolhedor está presente, a criança aprende que emoções são legítimas e pode desenvolver, pouco a pouco, autocontrole e empatia.
Sugestões para fortalecer o apego no cotidiano
Baseando-me tanto em estudos quanto em minha prática diária, algumas atitudes reforçam esse tipo de vínculo. Veja:
- Rotinas afetuosas: Pequenas ações como cantar uma música na hora do banho ou dar boa noite com um beijo especial criam estabilidade e conexão.
- Linguagem lúdica: Usar recursos como brincadeiras, jogos de faz-de-conta ou leitura de historinhas para demonstrar sentimentos e ensinar resolução de conflitos.
- Validação de sentimentos: Não minimizar frustrações, mas mostrar que sentir medo, raiva ou tristeza faz parte e pode ser acolhido.

O Dormir com Historinhas traz como proposta esse movimento afetivo, facilitando que famílias e cuidadores cultivem rituais de escuta, troca de ideias e reforço de valores importantes. Para quem deseja trabalhar mais autonomia, vale conhecer a categoria autonomia e os conteúdos sobre cotidiano infantil.
Disciplina positiva e parentalidade empática: pequenos gestos, grandes transformações
Às vezes, um simples pedido de desculpas, o acolhimento de uma emoção difícil ou uma pausa para ouvir de verdade a criança podem ter mais efeito do que detectamos à primeira vista. Tenho visto famílias transformando relações apenas ao mudarem o tom de voz, praticando a comunicação não violenta e reservando minutos do seu dia para brincar juntos.
Se quiser exemplos práticos, recomendo textos como esta história sobre empatia ou esse relato sobre a construção do respeito mútuo no Dormir com Historinhas.
O vínculo de hoje é a base da confiança de amanhã.
Conclusão
Em tudo o que vivi e acompanhei, percebo que vínculos sólidos na infância são sementes para adultos mais autoconfiantes, amorosos e resilientes. O segredo está nos pequenos gestos do dia a dia; nos olhares, nos abraços, na escuta atenta e nas palavras suaves. Parentalidade é percurso, não performance. É possível transformar vínculos frágeis em relações profundas e duradouras, a qualquer tempo.
Se você quer transformar a rotina de sua família, criando memórias e promovendo um desenvolvimento saudável, teste, hoje mesmo, inserir uma história da Dormir com Historinhas na sua rotina. Juntos, podemos tornar a infância mais segura, afetuosa e cheia de significado. Que tal conhecer nosso acervo e embarcar nesta jornada de construção de vínculos?
Perguntas frequentes sobre apego seguro
O que é apego seguro na infância?
Apego seguro é o vínculo de confiança estabelecido quando a criança sente que pode contar com o adulto para atender suas necessidades físicas e emocionais. Essa conexão faz com que ela explore o mundo com mais tranquilidade, sabendo que tem um porto seguro ao qual retornar.
Como desenvolver vínculos afetivos saudáveis?
Eu acredito que desenvolver vínculos passa por atitudes cotidianas como oferecer atenção genuína, escutar com interesse, validar emoções e criar rotinas previsíveis. O contato físico afetuoso e a participação em momentos lúdicos também fazem diferença. Rituais de leitura e histórias antes de dormir, como propõe o Dormir com Historinhas, ajudam bastante nesse processo.
Quais sinais indicam apego inseguro?
Em geral, crianças com apego inseguro podem demonstrar medo excessivo da separação, dificuldade em confiar, evitar buscar consolo ou, ao contrário, serem extremamente dependentes e ansiosas na ausência dos cuidadores. Mudanças repentinas de humor e dificuldade de socialização também podem ser sinais.
Por que o apego seguro é importante?
O apego seguro é fundamental pois serve de base para autoestima, regulação emocional, capacidade de confiar em si e nos outros e habilidades sociais de longo prazo. Pesquisas mostram que crianças que crescem em ambientes afetivos tendem a ser mais resilientes, criativas e autônomas.
Como fortalecer o apego com meu filho?
Pequenas ações cotidianas podem fortalecer o vínculo: escutar de verdade, acolher sentimentos sem julgamentos, demonstrar afeto físico e criar hábitos positivos juntos. Contar histórias, brincar e estabelecer momentos em família são maneiras práticas e acessíveis de nutrir esse laço tão importante.
